segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Dos possíveis benefícios das crenças.

Em alguns momentos eu penso em possíveis benefícios que as religiões ou a idéia de um Deus ou vida pós-morte pode ser de grande utilidade na vida de algumas pessoas. Quando um ente querido ou alguém mais próximo do nosso cotidiano morre, podemos nos deparar com um desses momentos. É aqui que encontro um dos mais fortes desses benefícios.

É reconfortante, mas no meu ponto de vista é ilusório, saber ou achar que uma pessoa que amamos durante muito tempo deixou essa vida para ir para uma possível vida melhor. Um dia desses o pai de um amigo meu morreu e eu passei com minha namorada na casa dele pra falar com ele. O que mais me impressionou no desenrolar da conversa foi a aparente calma que ele passava na voz dele e ao ser perguntado sobre seu estado emocional ele disse que estava mais “tranquilo”, que já tinha aceitado a morte do pai. E continuou dizendo que agora ele estava em um lugar melhor pra ele.
Nesse exato momento minha mente saiu de lá e parou exatamente nesses pensamentos que vos falo agora, não sou adepto às idéias das religiões e muito menos acredito em vida após a morte. Mas de alguma forma eu pude entender o papel da crença em um Deus na vida de uma pessoa que acabou de perder alguém que gostava muito.
De forma alguma estou aqui dizendo que quem tem algum tipo de crença é mais fraco do que aqueles que são descrentes, esse não é o caso, o caso é que o papel da crença como algo psicológico é muito forte. É um dos fatores que muita gente que sofre procura uma igreja, e é na igreja que hoje você acha alguém pra te escutar, seja você de onde for, talvez diante da efemeridade que existe em nossa sociedade, as pessoas estejam cada vez mais querendo ser ouvidas por alguém, escutar o conselho de alguém e esse alguém muitas vezes se encontra dentro das igrejas. Em tempos que pais não têm tempo para os filhos por conta do trabalho e filhos não dispõem de tempo para os pais por conta de uma metamorfose na estrutura familiar onde muitas vezes o computador toma o lugar dos pais, é na igreja que você encontra certo tipo de calor humano. Mas esse é um assunto que eu posso aprofundar outrora.
Voltando ao assunto principal, ao sair da casa do meu amigo eu disse à minha namorada que entendia de certa forma o valor que a crença pode ter em momentos difíceis na vida dessas pessoas. Eu pude assistir o quanto uma crença pôde tirar o peso da morte de um ente querido. E sendo sincero, eu não sei o que falar nessas ocasiões, eu não sei e nem poderia chegar pra ele e dizer que tudo é finito, que no meu ponto de vista não há vida fora essa que estamos vivendo, eu não poderia dizer à ele que na verdade a crença dele estava simplesmente servindo de um suporte invisível, onde ele se apoiou pra tentar não sofrer mais. Eu simplesmente, antes de tudo, respeitei a dor dele, partilhei da dor dele. Ele só queria o melhor pro pai, ele só queria que de alguma forma o elo entre ele e o pai não se quebrasse depois da morte. É difícil aceitar que uma pessoa que gostamos muito morra. É difícil aceitar que não iremos mais poder sentir essa pessoa, conversar com ela ou até mesmo brigar. É diante desses casos que eu tento cada vez mais amar as pessoas que me rodeiam, meus familiares, meus amigos, minha namorada, é diante da aceitação de um fim que eu tento aproveitar ao máximo cada momento que vivo perto dessas pessoas. Pra que quando chegue ao final, tanto meu final quanto o final de alguém que gosto, a minha mente possa lembrar-se de todos os momentos em que passei junto das pessoas que tanto amo. É diante da morte que tento viver o meu melhor.

8 comentários:

  1. O problema é quando a religião segrega, mata, estupra, entre outras violências físicas ou não.

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  2. Olá! pra esse seu post eu diria que vc parece incorrer na falácia genética. Eu sugiro que dê uma olhada nesse vídeo http://www.youtube.com/watch?v=HCjAWOKKpgI

    Obrigado pela Atenção.

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  3. Olá, gostaria que você apontasse onde exatamente eu recorro a falácia genética.

    Obrigado pela atenção também.

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  4. Eu escrevi "parece" justamente pq aparenta fortemente que foi a isso que vc recorreu, por exemplo aqui: "eu não poderia dizer à ele que na verdade a crença dele estava simplesmente servindo de um suporte invisível, onde ele se apoiou pra tentar não sofrer mais." Bem vc usou a falácia genética se concluíu a partir dos "beneficios psicologicos em meio ao sofrimento" que a crença é ilusória ou uma mera invenção para nos reconfortar (ou algo nesse sentido). Bem eu não diria que vc conclui diretamente, mas parece sugerir suavemente dessa maneira. Se vc não faz isso aqui me ajude a compreender melhor seu texto e perdoe minha falta de atenção.

    Thanks.

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  5. Pois bem, se você atentar ao cerne da questão suscitada, e antes de tudo, tentando não se prender a uma parte do texto e tomando essa parte como um todo, você vai notar que o meu intuito no texto não é discorrer sobre a existência de um deus ou não, muito menos invalidar a ideia de um ou os seus respectivos benefícios que podem ou não existir. O meu intuito é tentar entender essa questão.

    A minha conclusão de que a crença é ilusória perpassa quaisquer argumentos que eu citei nesse texto. Eu não concluir a partir desse caso a invalidade. O que eu fiz, e acho que ficou claro, foi tentar mostrar ( e aqui é um exemplo disso ) : "Mas de alguma forma eu pude entender o papel da crença em um Deus na vida de uma pessoa que acabou de perder alguém que gostava muito." aqui eu não concluir que a crença é algo ilusório ou mera invenção pra reconfortar, a questão não é discutir a invenção de deuses e sim um dos benefícios que as crenças podem trazer. E o título do texto pode concordar comigo.

    Até mais.

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  6. Ok! Vc tem razão, não é isso que seu texto propõe; e não é dificil perceber. Obrigado por me ajudar a compreender melhor seu texto. Terei mais cuidado futuramente.

    Viajei...

    Valew.

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  7. Obrigado você pela visita e pelos comentários.

    Até a próxima.

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