Na trama, adaptada do romance do autor Victor Hugo
considerado um monumento cultural pelos franceses, o diretor mostra disparidade
social que a França vivia na época, principalmente na miséria das pessoas,
entre eles os personagens Jean Valjean, interpretado pelo Hugh Jackman, um
escravo posto em liberdade tentando fugir do inspetor Javert, este interpretado
pelo Russell Crowe. Todos os diálogos do filme são cantados. Infelizmente, não
vemos uma boa química entre os dois atores principais, deixando o pouco de lado
na narrativa a importância da obsessão de Javert em capturar novamente Valjean.
Russell pelo menos mostra que estar disposto voltar a atuar como antes, não
mais parecendo um velho cansando como estar em Robin Hood.
No elenco coadjuvante temos as boas atuações da Helena
Bonham Carter e Sacha Baron Cohen. A querida Anne Hathaway não convence no seu
papel, mas soluçando ao chorar ao cantar no único solo que lhe é atribuído, a
música “I Dreamed a Dream”. Ainda no elenco temos Isabelle Allen e Amanda
Seyfried, ambas no papel da Cosette. Destaque para a pequena Isabelle, que se
saiu muito bem na pequena participação musical que teve. O jovem ator Eddie
Redmayne vive Marius, revolucionário que se apaixona pela Cosette e Samantha
Barks dando vida a Éponine, ambos tem uma participação boa, sendo o primeiro
tendo uma excelente voz. Mas o destaque dos coadjuvantes fica mesmo para o
pequeno Daniel Huttlestone, que vive o Gravroche na trama. Fiquei muito
admirado ao ver uma criança com bela atuação, já que no cinema temos poucos,
muitos poucos que se destacam. Há uma cena do personagem do Daniel que comove
com sua bela atuação.
Com o tom mais realista, o diretor de fotografia Danny
Cohen cria cenas belíssimas, focando muito no close-up nos personagens,
principalmente nas canções. Acredito que o diretor Tom Hooper pecou ao escolher
que os atores cantassem ao vivo, não usando o método mais que tradicional de
Hollywood, onde o ator canta antes em estúdio e na filmagem apenas faz a
dublagem. Este pode ser o fato de o filme não ter recebido boas críticas pelos
franceses, estes considerando o filme apenas um produto hollywoodiano. A
dificuldade fica clara dos atores ao cantarem ao vivo. A trilha sonora, que
considero fundamental em um longa-metragem, satisfaz o público em algumas
músicas, mas preferi mesmo a música colocada de fundo na cena inicial (muito
bem feita por sinal) e posteriormente em alguns atos.
Portanto, o filme mesmo tendo opiniões divididas,
consegue colocar na tela um espetáculo, visual e sonoro, com cenas que apesar
de estarem um pouco sacrificadas pelas canções ao vivo, tem seu tom emocional e
comovente. Não penso que Os Miseráveis vá levar algum Oscar, por estar
competindo com concorrentes que se saíram melhor, mas é com certeza uma boa
pedida para os cinéfilos e quem curti o cinema como lazer.
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