sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Crítica - Os Miseráveis

Duas semanas após a estreia nos cinemas, pude assistir ao filme Os Miseráveis. Tenho que dizer que sai da sessão no meio termo, gostando e odiando algumas situações no filme. Longas-metragens musicais são do gênero que defendo bastante, esse gosto pelos filmes musicais veio após assistir ao filme Hair (1979) no qual considero o melhor musical da história do cinema.
Na trama, adaptada do romance do autor Victor Hugo considerado um monumento cultural pelos franceses, o diretor mostra disparidade social que a França vivia na época, principalmente na miséria das pessoas, entre eles os personagens Jean Valjean, interpretado pelo Hugh Jackman, um escravo posto em liberdade tentando fugir do inspetor Javert, este interpretado pelo Russell Crowe. Todos os diálogos do filme são cantados. Infelizmente, não vemos uma boa química entre os dois atores principais, deixando o pouco de lado na narrativa a importância da obsessão de Javert em capturar novamente Valjean. Russell pelo menos mostra que estar disposto voltar a atuar como antes, não mais parecendo um velho cansando como estar em Robin Hood.
No elenco coadjuvante temos as boas atuações da Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen. A querida Anne Hathaway não convence no seu papel, mas soluçando ao chorar ao cantar no único solo que lhe é atribuído, a música “I Dreamed a Dream”. Ainda no elenco temos Isabelle Allen e Amanda Seyfried, ambas no papel da Cosette. Destaque para a pequena Isabelle, que se saiu muito bem na pequena participação musical que teve. O jovem ator Eddie Redmayne vive Marius, revolucionário que se apaixona pela Cosette e Samantha Barks dando vida a Éponine, ambos tem uma participação boa, sendo o primeiro tendo uma excelente voz. Mas o destaque dos coadjuvantes fica mesmo para o pequeno Daniel Huttlestone, que vive o Gravroche na trama. Fiquei muito admirado ao ver uma criança com bela atuação, já que no cinema temos poucos, muitos poucos que se destacam. Há uma cena do personagem do Daniel que comove com sua bela atuação.
Com o tom mais realista, o diretor de fotografia Danny Cohen cria cenas belíssimas, focando muito no close-up nos personagens, principalmente nas canções. Acredito que o diretor Tom Hooper pecou ao escolher que os atores cantassem ao vivo, não usando o método mais que tradicional de Hollywood, onde o ator canta antes em estúdio e na filmagem apenas faz a dublagem. Este pode ser o fato de o filme não ter recebido boas críticas pelos franceses, estes considerando o filme apenas um produto hollywoodiano. A dificuldade fica clara dos atores ao cantarem ao vivo. A trilha sonora, que considero fundamental em um longa-metragem, satisfaz o público em algumas músicas, mas preferi mesmo a música colocada de fundo na cena inicial (muito bem feita por sinal) e posteriormente em alguns atos.
Portanto, o filme mesmo tendo opiniões divididas, consegue colocar na tela um espetáculo, visual e sonoro, com cenas que apesar de estarem um pouco sacrificadas pelas canções ao vivo, tem seu tom emocional e comovente. Não penso que Os Miseráveis vá levar algum Oscar, por estar competindo com concorrentes que se saíram melhor, mas é com certeza uma boa pedida para os cinéfilos e quem curti o cinema como lazer.

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