quinta-feira, 26 de abril de 2012

Expressões de uma época


Hoje é dia de mais uma homenagem a um grande pintor do romantismo - movimento que surgiu em meio as revoluções (industrial e francesa) e por isso possuíam um caráter muito revolucionário e expressivo, pois eles queriam o retorno ao sentimento e as emoções - o nome dele era Ferdinand Victor Eugène Delacroix, nascido em Saint Maurice, França, em 1798. Ele nasceu em uma família rica, seu pai, Charles Delacroix, era um político, trabalhando como Ministro de Exteriores do Diretório e Prefeito de Gironda, no segundo foi seu último trabalho antes de morrer, alguns afirmam que na realidade Eugène seria filho do príncipe de Charles Maurice de Talleyrand com sua mãe Victorie Oeben, mas mesmo assim Eugène sempre considerou Charles Delacroix como sendo seu pai.
Órfã no cemitério (1823-1834)
Com a morte de Charles, Eugène vai com sua mãe para a casa de sua irmã mais velha, Henriette de Verninac, em Paris, lá ele iniciará sua vida artística. Ele estudou no ateliê de Pierre Narcisse Guérin, tendo Théodore Géricault e Antoine Jean Gros como professores, Delacroix era um grande admirados dos artistas clássicos, entre eles Velazques, Rubens, Rembrandt, Michelângelo e entre outros, ele constantemente estava nos museus parisienses a observar e copiar as originais, ao mesmo tempo ele queria avançar e inovar nos métodos e nos estilos e técnicas utilizadas nas obras. Logo de início ele ganha grande admiração com a produção do quadro, A morte de Sardanapalo, uma obra de ricos detalhes e efeitos, com uma coloração magnífica (o que é uma de suas grandes marcas), a presença de um emaranhado de personagens que se misturam entre o erotismo e a violência, com uma temática orientalizada, com um belíssimo agrupamento harmonioso de pessoas, infelizmente, devido aos maus cuidados do antigo possuidor da obra, ela foi danificada e perdeu um pouco de sua cor, mas não impediu que ela ainda sim fosse grandiosa.

A morte de Sardanapalo (1827)
Sua primeira exposição teve a obra Dante e Virgílio no inferno, onde ele apresenta, de forma muito intensa e viva o obscuro, os sofrimentos e temores do inferno, com um movimento muito interessante.

Dante e Virgílio no inferno (1822)
Depois de certo tempo ele então viaja para a Inglaterra para estudar alguns artistas ingleses, tendo grande destaque para as obras de John Constable, após isso ele ainda viaja, a pedido da amante do conde Charles Edgar de Mornay, a Mademoiselle Mars, para participar de uma viagem ao Marrocos, com intuitos administrativos por parte do governo, pois ele, nessa época, já possuía grande popularidade e apreciadores de sua arte. No Marrocos Delacroix se maravilha com a rica cultura, que influenciaram sua arte expressivamente, como a capturação de novos movimentos, cores e temáticas, ele teve acesso a haréns, festas populares e a cenas cotidianas que acrescentaram significativamente a quantidade de obras, além disso seus estudos de anatomia, tanto humana quanto animal, de paisagens e vestimentas foi grandioso, ele teve acesso a zoológicos particulares e o próprio meio possuía um acervo de vida exótica muito importante para o desenvolvimento de seus trabalhos. Essa viagem rendeu a ele aproximadamente 100 desenhos e esboços, além de diversas pinturas, como Mulay Abnerraman, o sultão do Marrocos saindo de seu palácio de Meknes com sua guarda, Odalisca, A casa do leão, Árabe encelando seu cavalo, entre outras.

Abderrahman Moulay, o sultão de Marrocos, deixando seu palácio rodeado por seus guardas Meknes (1845)
Em seu retorno a França, Delacroix é contratado para pintar prédios públicos, nessa época é feita uma de suas pinturas mais importantes, A liberdade guiando o povo, após isso ele é admitido na Academia de Belas Artes, nessa época suas obras ganham um caráter político e social. Ele teve muitas relações de amisade com grandes artistas e pensadores da época, entre eles Baudelaire, Victor Hugo, Frédéric Chopin, Franz Liszt, Franz Schubert, entre outros. Ele permanecerá produzindo suas obras até sua morte, em 1863, depois de passar algum tempo sofrendo devido a uma laringite que o deixa enfermo, ele então se distancia da cidade, mas se mantém ativo na pintura, aguentando e completando algumas obras até ter seu desfecho.

A liberdade guiando o povo (1830)
Delacroix foi um grande artista, influenciou Vincent van Gogh, e entre tantos outros grandes artistas. Seus trabalhos merecem grande respeito e admiração, pois sua técnica é admirável, ele soube dar vida e energia a suas obras (algo bem característico do romantismo, devido a sua intensidade diante dos sentimentos), além disso ele soube adaptar a cultura clássica a sua época com muita maestria e seus trabalhos sempre mostram um ar de novo e próprio. Outra questão é a sua importância histórica e artística, sua influência diante dos artistas posteriores, levará a ser uma grande base de alguns movimentos, como o Impressionismo, e seus trabalhos retratam acontecimentos, tradições, culturas e as emoções vividas naquela época.

O naufrágio de Don Juan (1840)

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