terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Egito: O pior ainda está por vir?


            O povo se aglomera na Praça Tahrir. A policia entra em choque com os manifestantes, causando vários feridos. É preciso que o Senhor Presidente do Egito saia escondido de seu gabinete para se refugar no palácio presidencial. Estas frases eram ditas a cerca de 20 meses atrás, e hoje, são relatadas mais uma vez, como forma de protesto do povo Egípcio contra o governo do Presidente Eleito Muhammed Morsi, da Irmandade Muçulmana.

            Os protestos começaram depois que o Presidente assinou vários decretos que davam grande autonomia de governo para ele, podendo tomar certas decisões sem o aval de ninguém, como um ditador, ou como foi chamado em varias charges, um novo Faraó. Após tais decretos, o Presidente convocou um Referendo para o dia 15 de dezembro que busca a aprovação da nova Constituição do País, constituição essa redigida por uma assembleia constituída em grande parte por membros da Irmandade Muçulmana. Vários juristas alegam que tal referendo é ilegal e pedem o boicote da votação.

            O Egito está cada vez mais perto de uma guerra civil, quem sabe até mais perto do que esteve enquanto o país era governado por Hosni Mubarak.  Durante a primeira crise no Egito, que pretendia derrubar o ditador Mubarak, praticamente todos os setores da população estavam insatisfeitos com ele, criando uma impossibilidade de luta, tendo em vista que até mesmo seus aliados não eram de muita confiança. Além do mais todo o processo estava sendo televisionado, e de certa forma sabíamos o que estava acontecendo, de forma bastante ampla. Agora, o Presidente da situação é um dos lideres da Irmandade Muçulmana, grande partido e movimento no Egito, que conta com grandes apoiadores e força para qualquer contratempo. Em contrapartida, a oposição também é forte, com muitos setores da população apoiando os que não são a favor dos radicais islâmicos.

            Resumindo: O barril de pólvora está cada vez mais perto do fogo, e se o Presidente Morsi não recuar em alguns de seus pontos, é possível que estoure algum tipo de conflito dentro do Egito. Muitos dos manifestantes que lutaram para derrubar o Mubarak não ficarão calados vendo todo o seu esforço para no final ter trocado um tirano por outro. O armamento da população aconteceria de forma rápida: Há muito material de guerra na vizinha Líbia, que saíra a pouco de sua guerra civil; Os israelenses provavelmente vão ajudar o lado anti-Irmandade e os grupos xiitas árabes vão dar suporte a Irmandade Muçulmana e sua tentativa de “abocanhar” o poder.

            Como, pelo visto, sempre digo no final de meus textos, o que irá acontecer nunca é certo, e cabe esperar para ver o que vai acontecer. Tudo isso pode se tratar de mera fantasia, uma má interpretação dos fatos. Em um mundo em que um oficial da KGB faz campanha para presidência da Rússia sem camisa e andando a cavalo (exemplo velho, mas ideal) nada mais me surpreende...

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