segunda-feira, 30 de julho de 2012

O livro do artista


Retomando as homenagens, que andavam meio paradas, hoje é dia de um dos homens mais importantes para a história da arte, ao contrário do que pode-se imaginar, ele não produziu as obras mais impactantes e famosas da história, na realidade ele ficou conhecido por um livro do qual se tornaria um dos livros mais importantes para a história da arte. Giorgio Vasari nasceu em Arezzo, Itália, em 1511, tornou-se aluno de Guglielmo da Marsiglia muito jovem e logo em seguida, por indicação do cardeal Silvio Passerini, aos 16 anos, ele foi estudar com Rosso Riorentino e Jacopo Carucci (Pontormo) no atelie de Andrea del Sarto e Baccio Bandinelli, em Florença. Em sua estadia na cidade ele conheceu Miguel Ângelo (Michelângelo), grande artista renascentista que o influenciou muito. Foi a Roma (onde estudou as obras de Rafael), Nápoles, Pisa, Bolonia e Módena.
Decoração do teto do Palazzo Vecchio (1565)
Participante do maneirismo, seus serviços foram, em grande parte, para a família Medici, como a maior parte dos artistas da época, além dela também houveram encomendar para a famílias em Nápoles e em sua cidade natal Arezzo, entre suas obras mais famosas estão o teto e a parede e a sala principal do Palazzo Vecchio (Florença), Cronos castrando seu pai Urano, Perseu e Andrômeda, os afrescos do salão principal do palácio de Cancillería e deixou incompleto os afrescos da catedral Santa Maria del Fiore (Florença). Contudo Vasari se tornará mais famoso pelas obras arquitetônicas, das quais pode-se destacar sua maior obra o Palazzo degli Uffizi do qual não somente a fez como o seu jardim que funciona como praça pública e o longo corredor que o liga ao Palazzo Pitti - no Palazzo degli Uffizi se encontra uma grande coleção de obras do renascimento ao barroco, como as mais importantes obras de Sandro Botticelli (Nascimento de Vênus, Primavera, Adoração dos magos), Giotto (A madonna de ognissanti), Leonardo da Vinci (O batismo de cristo, A anunciação), Caravaggio (Baco, Medusa), entre tantos outros - também fez o palácio do Papa Júlio III. Ele também ficou conhecido pelas reformas na Igreja de Santa Maria Novella e na Basílica de Santa Croce, onde ele retirou partes das construções para aplicá-las em outras, o que prejudicou suas estruturas, e as modificou para o estilo maneirista da época.

Palazzo degli Uffizi (1560)
Após sua morte suas obras perderam muito o valor, contudo em vida fez fortuna (uma exceção a regra) construiu um palácio para si em Arezzo onde iniciou uma grande coleção de obras (atualmente é um museu em sua homenagem). Conquistou cargos políticos, chegando ao posto máximo de Gonfaloneiro (alto cargo político que cuidava da cidade), também fundou a Accademia del Disegno (Academia de belas artes) em Florença, onde tinha Michelângelo e o grão-duque local eram os líderes e tinham trinta e seis artistas associados. Morreu em 1574, aos 63 anos em Florença.

Conjunto de pinturas das paredes do Palazzo Vecchio (1565)
Suas obras são originais e bem produzidas, contudo ao meu ver não são as maiores em comparação a tantos outros artistas, suas obras possuem um ar de desproporção não tão agradável como a desproporção dos maneiristas (movimento que alonga as imagens e suaviza os defeitos e características físicas), causando a impressão de amontoamento e desequilíbrio. Ainda sim suas obras possuem seus pontos fortes, como cores muito interessantes, mesmo tendo perdido um pouco de sua vida devido ao desgaste do tempo, e algumas de suas obras possuem uma delicadeza maravilhosa.

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Perseu e Andrômeda (1572)
Mas o que marcou Vasari, de forma indispensável, para a história da arte não foram suas pinturas nem suas obras arquitetônicas, mas sim um livro, A vida dos mais célebres pintores, escultores e arquitetos (Le vite de'più eccellenti pinttori, scultori e arcitettori), também chamado apenas de Le vite. Dividido em  seis partes, do qual ele escreve a biografia dos mais importantes artistas renascentistas até sua época, nesse livro estão escritas as histórias, rumores, lendas e métodos dos artistas, tornando-se a maior fonte, até o momento, sobre os artistas italianos da época, e assim ele se tornou o primeiro historiador da arte. Além das biografias, estão presentes no livro elementos importantes como o olhar que os renascentistas possuíam diante dos seus predecessores, além de a partir daí surgir o termo renascimento e o gótico, o último possuía um sentido pejorativo, enquanto o primeiro mostrava o renascer das artes que é o grande marco desse movimento.

Capa da edição de 1568 do livro Le vite
Sem dúvida conhecer Vasari é algo indispenssável para aqueles que tem a intenção de seguir pelos caminhos da história da arte, e para aqueles que tem o enfoque acadêmico com certeza não devem dispensá-lo.

Cronos castrando seu pai Urano (1564)

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