terça-feira, 22 de novembro de 2011

Belo Monte e a moça engraçada.

A construção da Usina de Belo Monte continua dando o que falar. Muito se fala sobre as proporções do impacto ambiental que será causado pela obra faraônica do atual Governo. Na verdade, pouco se discute e muito menos se resolve. Um projeto como esse, no mínimo deveria ser debatido abertamente com a população, mas não, em nome do “Progresso” e do “Desenvolvimento” tudo é permitido, tudo é possível.
Os danos que serão causados com a construção desse complexo irão muito além do que se pode imaginar. A biodiversidade irá sofrer impactos irreversíveis. O desvio do curso do rio irá afetar de forma direta aqueles que dependem dele para sobreviver, que dependem da caça e da pesca, essa parte do rio secará e levará com essa seca o sustento de muitas famílias ribeirinhas. As populações que estiverem no meio do caminho das áreas alagadas terão que ser deslocadas para outro lugar, ou seja: Saiam da frente, aí vem o progresso. O que é 100 km de rio desviado pra quem não sobrevive de forma direta dele? O que é ser deslocado de onde mora pra quem passa a maior parte do tempo fora de suas casas, vivendo em uma dinâmica de vida diferente dos que habitam os locais afetados? Só um detalhe.


Ainda vivemos nos tempos da colonização. Tanto hoje quanto antes o progresso dos de cima continua empurrando para longe os que estão na parte de baixo. Desde o nascimento desse ilustre país, aprendemos a não respeitar o território dos que aqui já se encontravam. É como se vomita por ai: Eles são minorias, você pretende mesmo impedir o crescimento do país por conta de alguns índios e ribeirinhos? Sério?
Com o dinheiro que irá ser gasto nessa obra, que gira em torno dos 30 bilhões de reais (mas como o Brasil é o Brasil, o preço vai subir só um pouquinho) poderia ser investido em várias vertentes, uma delas sendo a das formas de energias sustentáveis, como por exemplo a solar e a eólica. Mas não, isso não gera lucro para as grandes empresas envolvidas. Não agora.
Quando olho por fotos as pirâmides do Egito, eu penso nas pessoas que construíram elas, os escravos e as condições de vida deles, talvez os faraós só estivessem mesmo preocupados em entrar para a eternidade, tanto a espiritual quanto a material, deixando obras de tal porte. Os que governam em tempos atuais talvez pensem de forma correlata em se eternizar por obras de grande porte. Mas a que custo? O que será perdido no decorrer desse percurso realmente valerá à pena? Talvez esses não se preocupem com um futuro no qual eles não vão estar mais inserido. Talvez eles não se preocupem com o presente no qual eles, diferentemente dos que vivem por lá, não estão inseridos.
Desde a muito tempo o discurso de desenvolvimento para a Amazônia vem sendo defendido de forma incisiva. Escondido por trás de interesses políticos e econômicos, esses tipos de obras chegam para acabar com culturas tradicionais. É a imposição da minha cultura, do meu modo de viver e das minhas necessidades, sobre as das populações que habitam por lá há várias gerações.
Só um “milagre” irá impedir a construção da Usina de Belo Monte. Mais uma vez as minorias irão sair perdendo no "país de todos"(leia-se: Todos os que podem mandar). Mais uma vez os que têm, vão se sobrepor aos que não têm. Mais uma vez os Direitos Humanos, Ambientais e Biológicos serão esmagados em nome de um progresso, de um “Desenvolvimento” que irá tirar dos locais pessoas que habitam por lá e que dependem dessa terra. É esse o caminho que se encontra para resolver problemas de tamanha estrutura? Empurrar de forma impiedosa a soberania nacional nos que vivem dentro do próprio país?
Em tempo, deliciem-se com esse magnífico vídeo. A moça realmente é engraçada, pelo menos ela tenta. Ela começa falando sobre os Globais, começa falando uma verdade bem óbvia, eles estão fazendo o que sabem, encenando. Mas depois ela começa a... Vejam. As pessoas fazem de tudo para obter popularidade, fama e serem notadas. Alguns ficam seminus, outros tantos torturam seus corpos e tentam chamar atenção para si. Mas há aqueles que simplesmente falam o que pensam. Triste fim.

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