Hoje é 3 de novembro, e como ultimamente estou fazendo, é dia de homenagear mais um grande artista, mas antes disso quero lembrar que não dá para falar de todos os artistas, muito menos de todas as artes, se eu fizesse isso deixaria de viver, mas voltando aos artistas, hoje não é só aniversário de um artista mas sim quatro (Cellini, Mánes, Carracci e Ender), o que seria impossível, pois teria de passar o dia falando sobre eles, além disso se não tomo cuidado esse blog deixaria de ser sobre várias coisas e se tornaria um blog só de arte, além de que muitos não suportariam estarem lendo tanta coisa sobre esse assunto, então escolhi um entre vários, e então decidi por Annibale Carracci. Para os estudiosos de arte e principalmente movimentos clássicos, esse pintor é muito famoso e apreciado, mas para os que não conhecem vamos ao que interessa.
Domine, quo vadis (1602)
Annibale Carracci foi um pintor nascido em 1560, em Bolonha, na Itália, nasceu em um período não tão conhecido, chamado Maneirismo, que sucedeu o Renascimento e antecedeu o Barroco, não é tão discutido nas escolas e apenas quem se interessa por arte vai ter um conhecimento mais profundo, mas o que torna Annibale tão famoso é o fato de ele ser um dos fundadores do próximo movimento, o barroco.
Madonna col Bambino in gloria e santi (1587-1588)
Antes de falar sobre sua influência na arte, vamos a sua vida, ele, desde cedo, foi estimulado por sua família a pintar, junto com seu irmão Agostino, e seu primo Ludovico, juntos eles formaram um estúdio e deram início a uma longa produção de pinturas fabulosas, muitas vezes chegaram a produzir obras das quais não se sabe ao certo quem fez, pois muitas vezes eles trabalharam em conjunto ou apenas assinavam como Carracci, dificultando a identificação de qual deles seria a assinatura.
Assunção (1587) Annibale viajou por muitos lugares para fazer trabalhos, como em Bolonha, Parma e Veneza, e mais adiante para Roma, onde fez obras para o Cardeal Odoardo Farnese, por indicação do Duque de Parma, Ranuccio I Farnese, como Palazzo Farnese, fazendo um dos afrescos mais valorizados na sua época, pela técnica e os efeitos ilusionistas presentes, sendo também considerado um modelo do desenho de figuras históricas.
Palazzo Farnese (1595)
No final de sua vida ocorreu uma abrupta paralisação de suas obras, deixando até mesmo obras incompletas, levantando muitas hipóteses, devido que não existem muitos documentos sobre o assunto, por fim ele terminou morrendo em 1609.
Açougue (1560-1609)
Annibale sem dúvida é maravilhoso, seus trabalhos ligam diversos estilos, sendo considerado um artista eclético, ele se utilizava de técnicas desenvolvidas em vários movimentos e artistas, como seus esboços semelhantes aos de Rafael, mas com preferências de cores aos de Ticiano, ele desenvolveu uma arte muito própria se diferindo do maneirismo. Podemos ver nitidamente traços que se aproximam de Miguel Ângelo, como a representação de corpos demasiadamente, porém genialmente, bem distribuídos, a delicadeza e preferência por criar uma realidade perfeita como Rafael, e entre outros detalhes.
Vênus com sátiro e o cupido (1588)
Seus temas também eram muito variados, desenvolveu obras pictóricas, retratos (inclusive auto-retrato), temas religiosos, mitológicos, que foram elaborados com muita maestria, como os temas pictóricos onde ele dava mais importância a paisagem em relação aos personagens da cena. Uma coisa que deve-se ressaltar é que ele desenvolveu um dos primeiros estilos de caricatura existente, além disso desenvolveu pinturas pouco comuns a época, como em Açougue, onde retrata homens comuns trabalhando em um ambiente pouco comum em obras desse período.
A fuga para o Egito (1603) Ele é descrito como um dos fundadores do barroco, junto a Caravaggio, contudo eles se diferem em muito, o segundo se utiliza de temas mais dramáticos e mais sombrios, suas pinturas utilizam-se de um estilo mais contrastante entre sombra e luz, como em muitos artistas barrocos, a expressão de suas obras são mais dramáticas e violentas. Diferente de Caravaggio, Annibale preferia temas mais livres e alegres, além do contraste da sombra e da luz ser menor, ele preferia imagens mais iluminadas e coloridas. Suas técnicas e o modo como produzia era maravilhoso e alegre, mas mesmo assim não deixava de conter cenas mais tristes e intensas, como na Pietá, onde nos leva a uma sensação de tristeza e melancolia muito fortes, com temas mais escuros e expressões mais dramáticas, mas ainda sim vê-se a presença da influência de Rafael em sua pintura, ao perceber em muitos momentos a presença de uma aliviação de muitos traços e movimentos, sem, mesmo assim, perder o teor da obra.
Pietá (1599-1600)
Sem dúvida alguma Annibale Carracci é um deslumbrante artista e vale ser conhecido, além de ser um dos fundadores do barroco, ele possui uma capacidade de captação muito impressionante, e para aqueles que desejam seguir o estudo das artes acredito que seja indispensável conhecê-lo, ao menos para ter noção de suas técnicas, pois sem dúvida ele pode inspirar muita gente.
Zeus e Hera
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