segunda-feira, 31 de outubro de 2011

As Mulheres em Vassouras Voadoras

     Devo admitir que a Bruxaria ou Caça às Bruxas é, há muito tempo, o meu assunto preferido para pesquisar e, quem sabe um dia, escrever em livros. Os registros são muito mais "indecisos" do que precisos, o que tornaria tal pesquisa um tanto difícil e subjetiva para mim.
     Aqueles 4 séculos de caça e discriminação deixaram uma grande dúvida nos termos que também indicavam bruxos na época: feiticeiros, magos, curandeiros, druidas, alquimistas - sim, eles também já foram tidos como bruxos -, entre outros. O termo bruxa estava em alta na época, principalmente, por que os reinos onde elas "apareceram" eram inquisidores "de primeira". Algo interessante de se saber é que, a Caça às Bruxas não era parte do projeto inquisitorial, apesar de ser ligado ao Catolicismo, pois dois inquisidores foram autorizados por um papa a escrever um livro (Malleus Maleficarum) que ajudava na caça.
     Se você perguntar para alguém o que é uma bruxa, provavelmente lhe dirão que: bruxas são personagens imaginários, representados por velhas horrorosas, com verruga no nariz, chapéus em formato de cone, montadas em vassouras voadoras, que criam gatos pretos e dão gargalhadas malignas. Mas, na realidade, bruxas existem sim, não com os significados exatos que lhes deram, muito menos com esse estereótipo
     A palavra "bruxa" vem dos termos anglo-saxões "wissen" (conhecimento) e "wikken" (adivinhação). Esses termos vinculam, então, as bruxas a atividades proféticas e medicinais, com um vasto conhecimento sobre raízes e ervas. Nas sociedades antigas o trabalho das bruxas eram entendidos como Magia. A Magia era entendida como uma interferência no natural do mundo, uma intervenção, obtida por meio de palavras, gestos, objetos, oferendas, e sempre relacionada ao sobrenatural.
     Essas mulheres, antes do começo da Caça, eram parteiras e benzedeiras, mulheres que auxiliavam outras mulheres e pessoas com suas chagas. O problema é que, naquela época, a mortalidade infantil e as doenças eram muito comuns, e com índices extremamente altos, o que tornou essas profissões um símbolo do mal por muito tempo.
     As bruxas foram comumente ligadas à muitas figuras mitológicas femininas gregas e romanas. As Strix, por exemplo, eram mulheres que de noite se transformavam em corujas para procurar crianças e sugar seu sangue. Atena, deusa da sabedoria, que tinha a coruja como seu símbolo. Lâmia, rainha da Líbia, que, após perder seus filhos, vinga-se devorando crianças. Medeia com seus feitiços, foi capaz de devolver a juventude para Esão, pai de Jasão. Circe que transforma os soldados de Odisseu em porcos. Entre outras como tessalianas e sibilas.
     Colocando lado a lado pessoas reais e míticas, pode parecer estranho, mas necessário se compreender, que, no mundo medieval, estes elementos se misturariam. Essa mistura gerou a idéia de que a figura feminina, mesmo devido a sua possibilidade de gerar vida, sua classificação como de "sexo frágil", e sempre sendo tida como caseira e associada ao bem-estar, era agora associada as vinganças e planos indecentes.
     A bruxa, então, passou a ser uma mistura de quem ajudava no parto e cuidava das enfermidades, das vítimas do sobrenatural, dos loucos, e de quem era ligada à terra e a seus muitos deuses da fertilidade e "pagãos". Se dividia entre o real e o imaginário. Era complexamente ambígua.

     Não vou adentrar nas críticas à Igreja Católica, pois são muitas, ficando elas para uma publicação posterior.

Um comentário:

  1. Muito bom! É interessante ver como uma lavagem na sociedade é construida, sob pretextos mais ridiculos, mas que faça parte dos planos aos plenos poderes de cada época. A Santa Inquisição teve seu papel, quem diria que as "Guerras Santas" são coisas do presente?!!

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