domingo, 30 de outubro de 2011

Na luz de uma janela


     Hoje vou adiantar meu texto de homenagem, devido que o artista nasceu em 31 de outubro, mas amanhã pretendo fazer um post especial. Bem antes de falar quem é, devo explicar algumas coisas que aconteceram antes dele, durante o século XVI e XVII na Europa, uma série de acontecimentos sociais e artísticos se desenrolaram em uma velocidade impressionante, após a Idade Média, surgiu um movimento chamado renascimento, onde a representação de santos católicos e deuses greco-romanos era sublime e monumental, seguida de um movimento que tentou suavizar esses efeitos, o maneirismo, após isso, surge um movimento religioso, iniciado por Martinho Lutero (1483-1546), chamado de reforma protestante que se espalhou por toda a Europa, causando prejuízos a todos os artistas que residissem no norte europeu, onde se firmou esse movimento, causando o surgimento do barroco. Enquanto que no sul a encomenda de obras religiosas aumentou, por patrocínio da Igreja Católica para se opor à reforma, no norte os artistas foram obrigados a terem de criar novos temas para suas obras, o que, ao meu ver, foi bom, pois levou muitos artistas a saírem de sua zona de conforto e darem início a obras impressionantes e diferentes.



Vista de Delft (1660-1661)

     A maioria dos temas que se poderia desenvolver seriam retratos, mas logo após isso surgiu a produção de temas retratando a sociedade, pictóricos, naturezas-mortas e ilustrações para livros e panfletos. Nesse ambiente surgiu em Delft, na Holanda, em 1632, um artista magnífico em sua sutileza e delicadeza, Johannes Vermeer, pouco se sabe sobre sua vida, e o que se sabe é que ele era filho de Reynier Jansz e Dingenum Baltens, e casou-se com Catharina Bolenes, com quem teve 15 filhos. Ele, durante sua vida, não foi muito rico, retendo muitas dívidas durante a vida, o que levou muitas vezes a pagá-las com quadros, ele fazia parte de uma guilda de artistas na Holanda, chamada Saint Lucas, onde durante muito tempo presidiu e era mediador da venda de muitas obras, o que o mantinha. Durante sua vida e após sua morte em 1675, Vermeer não teve muita fama e durante muito tempo foi esquecido ou desvalorizado, chegando ao ponto de muitas obras terem sido renomeadas por outros artistas para valerem mais, o que faz com que seja difícil encontrar suas obras, ao todo atualmente foram catalogadas aproximadamente 35 pinturas. Apenas por volta de 1860 foram redescobertos e finalmente valorizados, levando ele finalmente a fama que merecia.

A alcoviteira (1656)

     Vermeer é indiscutivelmente impressionante, eu como clássico, adoro as obras dele, e não é à toa, a sutileza com que pintava levou ele a pouca produção, mas tornou suas obras maravilhosas, muitos detalhes e texturas, que suavizam suas obras, diferente do barroco de Rembrandt, onde havia um contraste maior de claro e escuro, Vermeer preferia um contraste mais suave e delicado. A grande maioria de suas pinturas eram de pessoas solitárias ou em pouca quantidade em ambientes claros, em grande parte por uma janela, fazendo atividades simples e corriqueiras, o que se diferencia dos artistas anteriores, que representavam grandes personalidades, santos e deuses, ele tinha uma preferência por pintar cenas do cotidiano do interior das moradias, e nelas retratava como fotos as cenas.

A leiteira (1658-1660)

     A escolha das cores e suas pinceladas delicadas, levavam suas pinturas a uma sensação de tranquilidade e realidade impressionante. Outra questão muito importante e valorizada em suas produções é a harmonia e equilíbrio dos elementos da cena, onde segundo Ernst H. Gombrinch os "seus quadros são, na realidade, naturezas-mortas incluindo seres humanos", ou seja, são tão bem colocados que parecem naturezas-mortas onde estranhamente e habilmente foram colocadas pessoas, mostrando a impressionante capacidade de posicionamento dos elementos inseridos e a compreensão da luz e da sombra.

Alegoria da pintura (1666-1667)


     Por fim digo que Vermeer é alguém cuja técnica e a criatividade são ímpares e merecem ser apreciadas, e como sempre digo, se não gostarem, ao menos conheçam e entendam-no, suas obras são maravilhosas e merecem o reconhecimento que anteriormente ele não recebeu. Lembrando que caso queiram conhecer um pouco mais sobre ele, assistam o filme "Moça com brinco de pérola", dirigido por Peter Webber, e atuado por Colin Firth (como Vermeer) e Scarlett Johansson (como Griet), eu recomendo, e dá para ter uma ideia de quem foi ele e como foi produzida uma das suas obras mais famosas de mesmo nome do filme.



Moça com brinco de pérola (1665-1666)

Um comentário:

  1. Adorei o post, Rafael! É bom tomar conhecimento sobre artistas desse tipo, super talentosos e pouco conhecidos. Com certeza suas vidas podem vir a ser um exemplo. É a ótima possibilidade da História "de baixo" ser retratada que a torna mais interessante, com muitas pessoas desconhecidas que tiveram grandes papéis no palco da sociedade.

    ResponderExcluir